Caminhada é o caminho para o bem-estar da alma e do corpo

Caminhar traz benefícios para o corpo, para a mente e para a alma.

Por:   Rute Kaizer - Mestre em Educação -  Abril de 2024


Sêneca escreveu uma obra que recebeu o nome “Sobre a Brevidade da Vida”. Nesta obra, ele declara: “Devemos fazer caminhadas ao ar livre, para que a mente seja fortalecida e revigorada por um céu claro e muito ar fresco”. Por isso, eu gostaria de te convidar a fazer uma caminhada comigo.

Caminhar traz benefícios para o corpo, para a mente e para a alma.

“... eu caminho para um estado de bem-estar e me afasto de todas as doenças. Entrei em meus melhores pensamentos e não conheço nenhum pensamento tão pesado que não se possa fugir dele” essa é a declaração de Soren Kierkegaard, filósofo, teólogo e poeta.

Enquanto caminha, limpe os pensamentos, sinta cada respiração à medida que entra e sai. Observe o que está à sua volta, se são árvores ou pessoas. Você pode contemplar o céu que se desenha no alto, à sua frente. Você pode, se quiser, ignorar o mundo à sua volta e só pensar em si mesmo. Refletir sobre como sua vida está ou os planos que traçou para o futuro. Sem cobrança, sem medo, sem remorso.

No filme “O Mágico de Oz”, que é uma obra-prima do cinema de 1942 (baseada em um livro infantil de Frank Oz) quatro amigos improváveis seguem o caminho de pedestres mais famoso da história do cinema - a YellowBrick Road, ou a “Estrada de tijolos amarelos”.  Na longa jornada para a Cidade das Esmeraldas, Dorothy e Totó se juntam ao Espantalho, que gostaria de ter um cérebro; o Homem de Lata, que anseia por um coração; e o Leão Covarde, que busca coragem. Juntos eles enfrentam muitos problemas e perigos ao longo do caminho, mas superam todos os obstáculos. Assim, eles encontram tudo que buscavam, ou seja, aquilo que faltava dentro de cada um.

Todo mundo tem uma razão diferente para seguir um caminho. Mas a verdade é que a maioria de nós não tem uma ideia específica. Na verdade, em algum momento na vida precisamos de “alguma coisa”, e esperamos encontrar isso enquanto seguimos os caminhos da vida.

Em 7 de agosto de 1974 – um dia antes do presidente Richard Nixon anunciar que renunciaria ao cargo – Philippe Petit, um trapezista francês, surpreendeu a cidade de Nova York com uma caminhada na corda bamba entre as torres do quase concluído e parcialmente ocupado World Trade Center. Aqueles que caminhavam pelas ruas naquele momento pararam e olharam para cima. Eles viram o impossível: um homem dançando alto no céu, aparentemente no ar rarefeito.

Talvez você não tenha a ambição de fazer uma caminhada arriscada, e queira simplesmente passar despercebido, sem chamar a atenção para si. Talvez queira usar o momento da caminhada para refletir sobre a sua vida, ou até mesmo liberar a sua criatividade. Nietzsche entende que “São apenas as ideias adquiridas ao caminhar que têm algum valor.”

Henry David Thoreau declara: “Eu acho que no momento em que minhas pernas começam a se mover, meus pensamentos começam a fluir”

Pensar leva tempo. Toda vez que damos uma resposta impulsiva, nos arrependemos porque perdemos o controle emocional. As boas ações são o resultado de um bom pensar.

O sábio Salomão já afirmava: O homem sábio pensa antes de falar; por isso o que ele diz é mais convincente.

Em outra passagem das Sagradas Escrituras somos aconselhados a sermos todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para nos irar.

“Vivemos em uma sociedade acelerada. Caminhar nos atrasa” questionaRobert Sweetgall. Para que tanta pressa? Por que não separarmos um tempo para caminhar, com isso, cuidamos da nossa saúde física e mental.

Quanto tempo durou sua caminhada de autoconhecimento? No filme "Redwood Highway" (2013) vimos a história de Marie, que foi deixada pelo filho em um confortável asilo no sul do Oregon, afastada da família. Ela estava insatisfeita com o ambiente e descontente com a vida. Marie decidiu viajar 80 milhas a pé até a costa do Oregon para ver o oceano pela primeira vez em 45 anos. Ela compareceu ao casamento da neta como convidada inesperada. Ao longo do caminho, conheceu pessoas extraordinárias e descobriu que nunca se é velho demais para aprender algo sobre a vida e sobre si mesmo.

Algumas caminhadas de autodescoberta e cura são mais longas do que outras. Nos anos 90, CherylStrayed, mesmo sem ter experiência alguma em caminhadas, deixou sua casa em Minneapolis, Minnesota, depois de sofrer uma tragédia pessoal, para enfrentar a trilha Pacific Crest Trail — uma jornada de mais de 1600 metros que testou sua resistência física e sua obstinação. Ao longo do caminho, ela foi conhecendo pessoas e vivendo experiências incríveis até que se sentiu livre do peso que a alma carregava.

Tantas vezes nós nos cercamos de pessoas com quem nos sentimos mais confortáveis e esquecemos o mundo está repleto de outras pessoas que são diferentes de nós e que estão seguindo uma carreira/trajeto de vida que nunca poderíamos ter imaginado, mas com as quais podemos aprender alguma lição. Todos estão caminhando rumo a algum lugar.

“Não ande à minha frente… posso não seguir seus passos. Não ande atrás de mim... posso não ser a melhor pessoa para liderar o caminho. Caminhe ao meu lado… apenas seja meu amigo” nos aconselha Albert Camus.

“Amo caminhar porque clareia a mente, enriquece a alma, tira o estresse e abre os olhos para um mundo totalmente novo” são as palavras de Claudette Dudley.

Nenhuma caminhada é igual a outra. Algumas duram anos, meses, semanas, dias, ou algumas horas. Mas podemos ter uma certeza: haverá sempre algo interessante para ver, ou senão, haverá sempre uma resposta para as questões que povoam nossas mentes.

Concordamos com o pensamento de John Muir quando diz: “Em cada caminhada com a natureza, nós recebemos muito mais do que procuramos”.


 

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